sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Sorria

Que tal, por um instante apenas, tirar o foco de nós mesmos? 
Sabe, olhar ao redor sem a preocupação com o enquadramento, com as caras e bocas que, supostamente, amigos distantes, não tão distantes, não tão amigos vão curtir...
Compartilhamos autorretratos, mas não revelamos as experiências vividas...pudera, estávamos de costas para o que realmente importava. Um paradoxo, não?
Mais um clique...mais um selfie...e lá se foi mais um momento, único, sem volta, sem possibilidade de retoques.
Nós em primeiro plano!
Ah! Claro, felizes...
Existimos na imagem e nos refestelamos nos elogios...não há se quer surpresas,  diálogos... nada se substantivos, tão somente adjetivos.
E assim, seguimos...sorrindo, ainda que nossas perspectivas pareçam desfocadas...

sábado, 19 de abril de 2014

A mediocridade nossa

É ruim, mas é o que temos...não, não deveria ser assim, não pode ser assim.
A mediocridade contamina, ferida aberta, aberta fica. Cicatriz na alma, fugidia...brincamos com ela  como num jogo de pique-esconde. Sabemos que ela está alí, mas desvíamos o olhar daquele canto qualquer, numa tentativa de manter a sensatez e, verdade, insensatos nos tornamos. Nos desequilibramos na corda da vida agarrados a falsa promessa de uma rede protetora.
Bobagem!! A mediocridade tem dentes afiados, rói, corrói, consome...prato feito goela adentro. Copo d'água nos ajuda engolir, sabor amargo na boca. Sem pedir licença a mediocridade regurgita.
Nojo? Não nos é permitido. 
Resta limpar.
O cheiro? Ah, o cheiro lá está a lembrar que a mediocridade fede...

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Nada a dizer

Gosto do aconchego do silêncio, da quietude que sussurra histórias de nós, do afago que afasta nossos medos.
Gosto do silêncio das palavras não ditas, que sufoca as mal ditas.
Gosto do silêncio...gosto do silêncio que conversa com a gente, que transpira, do silêncio que inspira.
Ah!! Gosto do silêncio que permite nos ouvirmos e que nos faz capaz de ouvir com o ouvido do outro.
Gosto do silêncio que grita escolhas até então abafadas pela fala.
Gosto do silêncio...

Onde?

Um som estridente me trouxe de volta. Sei bem não onde estava, é verdade...apenas fragmentos de sentidos sem um sentido certo. História sem começo, sem fim. Meio há, também pudera, vazia a cabeça nunca fica.
E nesse sentido melhor seria o verbo estar, mais flexível, mais amigável com o momento, mais receptivo com o lugar onde estava, ainda que já tenha dito que de tal lugar tenha apenas lampejos. Se pra lá ou pra cá, sei ao certo não.
E se não fosse a fúria da madame ao meu lado, que esqueceu a mão na buzina, lá ainda estaria...