sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Me conte...como você está?

Troca não, roubo.
Levou-me a paz, o sono.
A tristeza complexa.
A fé.
Levou-me a saudade porvir.
O tesão, a frase maldita.
Os erros certeiros.
Levou-me as dúvidas acolhedoras, todas.
As certezas inquietas.
Levou-me...
.

sábado, 20 de outubro de 2012

Nossas histórias

Sento no bar, peço uma cerveja e ouço uma gargalhada ao fundo. Olho na direção de onde imaginei vir o som e nada. Instantes depois a gargalhada de novo.Uma mulher, sozinha em uma mesa, de olhos fixos na televisão. No ar Avenida Brasil.
Tudo ao redor dela parecia menos importante, inclusive os dez ou doze amigos na mesa ao lado. Eles esperam.
Naquele momento ela estava dentro da trama. Imaginei quantas noites aquela história vez parte da vida dela. Chorou, riu, irritou-se, torceu por um ou outro personagem...
Precisamos de fantasias, de sonhos, todos nós. E no intervalo compartilhamos a realidade.
Garçom, mais uma cerveja...

sábado, 13 de outubro de 2012

Histórias perdidas

O passado há muito parece ter sido esquecido, às vezes pelo ritmo frenético dos dias atuais, outras tantas pela valorização do aqui e agora.
Na linha do tempo, escondemos em algum canto de nós mesmos o que fomos, o que fizemos, o que falamos, ou o avesso disso tudo. Quem sabe?
Fazemos questão de não recordar e nos reinventamos dia após dia, numa espécie de avatar.
Hora dessas alguém abre a caixa e, entre as lembranças empoeiradas, descobrimos que o acaso é só um jeito covarde de não assumirmos as responsabilidades pelas escolhas que fizemos.
Amanhã, hoje será ontem...

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

E aí, morreu?

Nem um boa tarde, um oi talvez, nada.
Essa economia de palavras demonstra o pragmatismo, se otimista fosse, ou a frieza dos nossos tempos. Pessimista? Sim, neste caso sim.
Há dias não se falavam. Deixaram a vida um do outro pela porta dos fundos. Porta que já havia sido fechada uma vez e reaberta...entreaberta, melhor, suficiente para reviver, não para construir.
Sem apreço pelas palavras ditas, pelo significado concreto, o simbólico se esvaiu...um tempo ido, de um tempo sem tempo.
Morreu sim, pelo que viu, assim como a primeira vez que a porta se fechou.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Somos cruéis...

Não sei exatamente quem disse que o amor e o ódio são faces da mesma moeda, mas assim como eu, você já deve ter ouvido.
Vá lá que seja assim...o fato é que nesse jogo de cara-coroa, escondemos nossa crueldade.
Ainda que os dois sentimentos gerem ações, um nos engradece, o outro nos apequena. O ódio, e todos os derivativos, limita-nos, em maior ou menor grau, deixa nosso olhar obtuso, estreita as perspectivas. Sentimento legítimo sim, mas...destrutivo, para nós, quando guardado, para os outros, quando escancarado.
Em tempos de redes sociais esse tipo de postura se amplia de forma exponencial.
Que tal atualizar a página???

domingo, 23 de setembro de 2012

Não desista de mim...

Já se passaram trinta e três anos. Seria exagero dizer que todos os dias penso naquele dia. Não, não penso. O tempo tem dessas coisas...
Saudade que nos abraça, que aconchega, que conforta. Saudade do que foi, e principalmente do que não se fez presente. Dói sim, como dói!
Quando nos separamos ela segurava minha mão, como há dizer um para o outro "não desista de mim".
Lenta, lentamente a força foi se esvaindo. Ela se foi...
Vez por outra sinto o toque das suas mãos. Ontem, elas rodearam meu pescoço, o rosto colado ao meu, e dei-lhe um beijo. Baixinho sussurrei: feliz aniversário mãe...

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

É o que parece ser

Já passava das 10h, cedo ainda pra quem precisa descansar a beleza. Na cabeceira da cama o livro, lançado recentemente no Brasil, "Capital Erótico". Ainda não começou a lê-lo, talvez amanhã, se nada melhor tiver pra fazer. Ganhou de um amigo, com um pequeno cartão: "Lembrei de você...".
Não entendeu bem o título, mas achou bonitinho, com um certo tom de malícia. As investidas dele vinham se tornando mais freqüentes com torpedos e recados no facebook.
Era bonita, muito bonita. Mais que isso, sedutora. Sabia que chamava a atenção dos homens e isso as vezes dava trabalho, horas gerenciando a rede social, ainda que os contatos não avançassem para além de amenidades.
Quem sabe um dia?
Beleza, nos tempos atuais, se põe à mesa sim. Olha a Sabrina Sato, um exemplo de "sucesso" em uma sociedade onde a imagem é fator decisivo. "Não me incomodo com quem me chama de burra. Me incomoda é me chamarem de gorda".
Puxou o livro e folheou algumas páginas...a autora não é tão explicita, mas defende, em linhas gerais, a ideia de que as mulheres devem usar o poder da sedução para alavancar a carreira.
Isso ela tem de sobra! O resto...bom, pra quê?

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Precisamos das diferenças

Iguais todos fôssemos, chato seria. Nada de trocas, nada de reflexões...apáticos.
Ou não é a referência do outro que nos faz melhor?
Vivemos a incoerência constante dos sentimentos. Procuramos afinidades, precisamos, desesperadamente, das diferenças. Estas, rotuladas quase sempre pejorativamente por um raciocínio egocêntrico, são o que no fundo nos fazem agir.
Surpreendo-me sempre com frases do tipo “não ligo para a opinião alheia”, como a propalar uma suposta independência.
Longe disso!! Revela apenas um individualismo infantil, uma crença em verdades nunca contrapostas, absolutas, vazias.
Sufocamos a diversidade para nos sentirmos mais seguros. Vamos nos matando aos poucos, sem o oxigênio...

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Tire a cabeça do buraco!!

Já não nos permitimos debater, nem mesmo conversar sobre temas que dia após dia vamos individualizando. Rompemos com oque nos faz seres sociais.
Acredito nisso e ponto. Acredito naquilo e ponto. Não colocamos em discussão...eliminamos a perspectiva do outro e esquecemos que valores, filosofias, princípios são construídos pelo coletivo.
Temos acompanhado a “Guerra Santa” que se trava em torno da eleição municipal em São Paulo. O debate poderia ser construtivo se para além dos estereótipos de um e outro lado.
Não se trata de fé ou de paixões, isso sim questões pessoais. Trata-se de visões de mundo, de bens públicos e de que sociedade queremos.
Somos parte disso, ainda que muita vezes prefiramos nos esconder...

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Um instante

Histórias esculpidas na paciência das horas de um tempo finito. Começo, meio, fim de linhas tantas que se cruzam, que deixam as digitais da vida escancaradas.
Olho no olho, assustado, tímido, quase a pedir desculpas pela lágrima se formando, congelada, sem chance de escorrer pelos sulcos.
Que caminhos teriam sido interrompidos pelo abrir e fechar da cortina? O dedo dispara o mecanismo da máquina fotográfica e tudo estanca...o tempo para numa fração de segundos.
O que ainda virá não importa. O que já se foi está ali para ser visto, como a perscrutar a alma quando se olha com o olhar de ver.
Revela-se por inteiro na vida vivida...de todos nós!



quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Mais ou menos não dá!!!

Pra mim é sempre, sempre um contrassenso, ainda que a primeira vista o mais ou menos denote equilíbrio, ponderação. Nada...nem lá nem cá, nem bom nem ruim, nem isso nem aquilo.
Coisa chata! Sem risco, sem cor, sem sabor.
Ontem, entrevistei um candidato para uma vaga de estágio que me disse que ao contratá-lo eu ganharia “mais um colaborador”.
Nãooooo...
Uma amiga contou que ama uma pessoa, mas que isso não significa ficar com ela.
Nãooooo...
Ouvi um amigo negar ajuda a outro.
Nãoooo...
Gente mais ou menos é sempre pra menos. Notou?
Não se acostume com a mediocridade .
Griteeeee!!!

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Sem cobranças...

O esforço inversamente proporcional as expectativas. Se quer muito, se faz pouco. Nada, melhor ainda. Espera-se apenas...
Nos trilhos da vida não se constrói a estrada, pega-se o primeiro trem. Corredor nunca...janela, vista privilegiada.
Esquece-se que o bilhete de passagem está quase sempre em branco, vazio.
Quem se importa?
Quando, e se cobrado for, olhe para o lado, dê um sorriso um tanto quanto debochado e salte na próxima estação...invente um história qualquer, jogue a culpa no bilheteiro e só não cometa o erro de se delatar. Isso não, minta!!
E nada de sofrer, não há razão para isso. O jornalista Hélio Schuwartsman, em artigo publicado nessa terça-feira na Folha de S.Paulo, relata como a mentira está disseminada até mesmo em uma das universidades mais prestigiadas do mundo, Harvard. Mais de cem estudantes teriam cometido fraudes em um dos cursos, ou seja, colado.
Pior, uma empresa norte-americana de recursos humanos, que divulga desde 95 o índice de curriculuns fraudulentos que recebe, diz que o ano passado bateu todos os recordes, quase 30% de mentirosos.
Segundo o psicólogo Robert Feldman, citado no artigo, "a razão principal é que mentir, seja para si próprio, na forma de autoengano, seja para os outros, confere vantagens ao
burlador".
Portanto, ponha a alma em paz, espere o próximo trem e siga viagem com o bilhete em branco no bolso. Você está acima dessas miudezas...

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Amor de alma

Das palavras ditas e das caladas não sei qual dói mais. De um modo ou de outro acreditamos, sem saber porque, que a língua do outro é sempre mais ferina que a nossa própria.
Certa vez ouvi a expressão "amor de alma" e achei que tivesse entendido.
Enganei-me...não sobre o que foi dito, porque claro está. Mas justamente sobre o que não foi verbalizado, o que ficou escondido, o que não tive capacidade de perceber...o poeta Fernando Pessoa diria que "quem não vê bem uma palavra, não pode ver bem uma alma".
Se possível fosse um encontro, em um café qualquer de uma esquina qualquer em qualquer lugar, entre o poeta e o escritor angolano Pepetela, este completaria: "Os sentimentos mudam as palavras, embora estas possam ser as mesmas...".
Seguimos, sentindo as palavras, tentando olhar as pessoas.
Seguimos...


sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Quando menos se espera...

Virei a página quando ele parou na minha frente e fechei o livro. Pegou minha mala e eu me ajeitei no banco traseiro.
Entrou e arrancou rumo ao aeroporto. Puxou conversa...
- Se eu ganhasse assim, uns três mil, arrumava uma mulher bem bonita.
Como é? Perguntei
- O livro que o senhor estava lendo...
"O que o dinheiro não compra" era o título, o último do filósofo Michael J. Sandel...dei risada e segui a conversa.
Simpático, Lucas foi falando...
- A minha é bem bonitinha. Ela não se acha, mas é sim! Fica um tempão se arrumando, creme disso, creme daquilo, puxa o cabelo pra lá, estica pra cá...já falei pra ela fazer um creme de mocotó, que nem os antigos faziam, sabe, dá uma chacoalhada no cabelo e está tudo certo. O senhor vê essas atrizes, umas mulatonas bonitas...o cabelo delas não vê pente faz um tempão, tudo natural...
A mulher dele, Cristiane, não. Horas em frente ao espelho ou no salão. Cento e vinte reais essa semana, uma fortuna para os ganhos do taxista.
- O que importa é a beleza interior, né não?, perguntou com ar afirmativo. E o pirão, claro...
Como?
- O pirão, o senhor sabe...se isso desanda aí não tem jeito. Se satisfazer sozinho dá não, não tem dinheiro que pague.
É, nem tudo o dinheiro compra, já dizia Lucas, o taxista...

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Além do próprio umbigo...

Desculpas pra lá, desculpas pra cá, desculpas por isso, desculpas por aquilo... não sei você, mas assusta-me aqueles que pedem desculpas sempre, tanto mais do que aqueles que não o fazem nunca.
Contraditório sim, explico...a desculpa constante pressupõe o erro constante. Fico com a sensação de que não há realmente uma reflexão sobre o ocorrido, e que a partir daí gere o pedido de desculpas, legitimado no arrependimento.
Este, quando sincero, quase sempre provoca dor, sofrimento, não é algo que possamos enfrentar com passividade. Definitivamente não.
O arrependimento tem foco no eu, a desculpa no outro.
O que me parece atualmente é que há uma inversão e o foco da desculpa passou a estar no eu...é muito mais um afago no próprio ego, tão somente de quem olha apenas para si...desculpas viram adereços, como um piercing no umbigo dessa gente...

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Tá Bom!!!

Não acredito em promessas vazias, em mentiras tantas vezes repetidas, em verdades não ditas...
Tá bom!
Não acredito no comprometimento descompromissado, na cumplicidade efêmera...
Tá bom!
Não acredito na falta de esforço, no jeito mais fácil, sempre...
Tá bom!
Não acredito no egoísmo, em fins que justificam os meios ou em meios que não têm fim...
Tá bom!
Não acredito na falta de dialogo...
Tá bom!
Não acredito no sorriso sem graça, no gemido baixinho, no gozo fácil...
Tá bom!
Não acredito em certezas absolutas, tão pouco na personificação da dúvida, não...
Tá bom!
Não acredito na nudez, ainda que seja a única coisa a oferecer...
Tá bom!!!

sábado, 16 de junho de 2012

Não se apaga...

Implacáveis ou acolhedoras, é só uma questão de perspectiva quando olhamos as marcas deixadas na pele. Espelhos de nós mesmos, do que fomos, do que somos. E quando o amanhã chegar outras virão, prontas para ativar nossa memória, como uma fotografia. 

E assim seguimos, deixando que o tempo tatue na pele nossa história, cronologicamente, sem saltos, sem dúvidas, sem arrependimentos, talvez com alguns sobressaltos, sim, que a vida nos ofereceu.

Grafadas em letras maiúsculas estão as escolhas que fizemos...

sábado, 2 de junho de 2012

Não ligue pra ela...

O sinal fechou. Parei. Do meu lado esquerdo a ponta de uma parachoque entrou no meu campo de visão e fui acompanhando o movimento, passando pelo pneu, a lateral, até estar emparelhado com a janela. 
A mulher falava sem parar. O corpo jogado pra frente, praticamente escondido atrás do volante e a cabeça voltada para o rádio no painel. 
Quando parou de falar, se recostou no banco, por quatro, cinco segundos. Em seguida, se projetou de novo em direção ao painel, e assim sucessivamente por quase um minuto.
Isso que é tecnologia. Bluetooth!!
Imagino o vendedor explicando:
- Agora a senhora vai poder estar conversando com as amigas sem se preocupar. Não precisa mais segurar o celular. A senhora vai falar pelo rádio do carro. Perfeito!
Só faltou explicar que não precisa ficar toda torta no banco e nem colar a boca nos botões do rádio.
É ridículo sim,, mas pense, de verdade, quantas vezes eu e você já fizemos papel de bobo quando nos deparamos com uma novidade.
Por equanto só não ligue para ela para contar...você pode provocar um acidente. 



Choro

Os olhos ficaram marejados. Inundados aos poucos...até que a lágrima vence a barreira e escorre, lenta, triste, procurando caminho pelo rosto, deixando um rastro fino. 
O dedo interrompe a trajetória, desvia o curso discretamente, quase com vergonha. Espalha pela pele os resíduos, que o dorso da mão se incumbe de dar fim. Tentativa apenas, frustada. 
Juntam-se outras a primeira lágrima, e ainda que não exageradas, em quantidade suficiente para escapar ao controle.
Um gosto salgado se precipita sobre os lábios e a emoção posta para fora se internaliza. 
Fecham-se os olhos, como se fechados melhor pudessem ver as marcas deixadas. Não se pode. Abertos tão pouco...

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Os seios dela


Diferenças há, é verdade, mas...
É quase imperceptível, ou melhor, perceptível apenas para o apaixonado que bota reparo e busca na sutileza das partes a beleza do conjunto.
De um forma ou de outra, quando frente a frente, apático não se fica. Todos os sentidos são estimulados...primeiro a visão, sim, nós homens somos assim mesmo, cobiçamos. O olhar nos desperta a vontade, e se permitido nos for - a decisão nunca é nossa - o passo seguinte será o tato. Ah, é nessa hora que nos deixamos inebriar pela textura, e ainda que a mão repouse aqui ou ali, o resto de nós está em movimento. O olfato brinca com nossa imaginação. Aspiramos o perfume, único, intransferível. 
Perto, bem perto, roçamos a boca, a língua, sentimos o gosto.
Nosso corpo é então parte, hora visão, hora tato, hora olfato, hora paladar...só nos tornamos inteiros quando nos permitimos ouvir. E basta um sussurro..."meu seio é todo seu".
Alí nos sentimos seguros, alí gozamos...a vida!!




terça-feira, 8 de maio de 2012

Tem medo de quê?

Amo a pessoa que é coração por inteiro. E digo de cara que não se trata de romantismo, ainda que entenda que mal algum faz. Observe que também não faço referência a gênero, refiro-me, tão somente, a pessoa.
O que me atrai de verdade é a vulnerabilidade subentendida. Você há de concordar comigo que a sentença revela, antes de qualquer coisa, falta de medo, ou melhor, coragem para se mostrar.
É ou não verdade que esse é nosso maior tormento?
Evitamos dizer “não sei”, com medo da avaliação que os outros façam da nossa competência; não dizemos “amo você”, com medo que a pessoa amada tome a declaração como uma fraqueza nossa; não colocamos uma idéia em debate, com medo de sermos mal interpretados, ou sequer, entendidos; nos enchemos de arrogância para afirmar que não nos importa a opinião do outro, quando na verdade é através do outro que construímos o eu.
Por essas e por outras, amo a pessoa que diz “meu coração é meu corpo inteiro”, porque inteira está, corre riscos, não tem vergonha dos próprios limites ou dos caminhos percorridos para superá-los.
Ser coração é ser vulnerável sim, e nada, nada mesmo, nos impulsiona tanto em direção a novas descobertas...
Tem medo de quê??

domingo, 6 de maio de 2012

O grito

O silêncio me acolhe de forma brusca. Deu sinais de que chegaria, não posso negar.
Esse intervalo entre o fim e o começo veio se revelando mais rápido que o passar das horas e talvez por isso, é tão somente uma suposição, me pegou assim, meio sem rumo.
É como se estivesse eu a espera de um até breve ou de um olá. Nenhum som preencheu o vazio, sussuro algum sequer. 
A noite não se despediu, e o dia não deu as caras ainda. Um hiato de tempo, uma sombra de nome madrugada.
Leviana às vezes, traiçoeira. Nos embaça a visão, embaralha os sentidos...nos coloca frente a frente com nossos medos, desperta nossos fantasmas.
Já não há silêncio...

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

O preço do jeitinho....

O vôo não estava cheio, talvez por conta do horário, seis da manhã. Assim que o avião começa a taxiar dois homens se levantam e tentam mudar para as poltronas da saída de emergência, um pouco mais espaçosas do que as demais.
Imediatamente a aeromoça informa que eles não podem ficar ali, ainda que as duas fileiras estejam completamente vazias.
A razão é simples: não pagaram pelos assentos.
Um deles olha com incredulidade. O outro ameaça reclamar e solta apenas uma frase irônica, do tipo "é que tem muita gente mesmo".
A cena me fez lembrar de uma situação semelhante que presenciei a primeira vez que estive em Nova Iorque, onde as relações de consumo são bem mais claras.
Bom, lá fui eu assistir os knicks contra os Jets, um clássico, ainda mais no Madison Square Garden. Passeio de turista sim, mas que vale cada centavo de dólar.
O setor onde estava não era dos melhores, mas longe de ser dos piores...cadeiras numeradas todas elas são. Ainda assim cheguei cedo, sabe como é, mesmo com o ticket na mão há sempre aquela desconfiança de encontrar alguém no meu lugar, enfim.
O jogo começa e lá pela metade do primeiro tempo boa arte dos lugares continuava vazio, inclusive fileiras a minha frente, com uma visão melhor da quadra.
Perguntei para um torcedor ao me lado porque ninguém mudava de lugar, já que aqueles eram melhores.
- Pagamos por esse, não por aquele...
Cesta amigo, e de três pontos!!!!

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Nossa fantasia está rasgada...

Deixemos para trás os foliões e falemos dos fanfarrões do nosso carnaval...parece sintomático um dirigente de uma “escola” virar o jogo na marra quando o jogo perdido está. Isso sim que é lição, principalmente de alguém com uma longa ficha de serviços prestados ao crime!!!
Sintomático também é a fala do governador Sérgio Cabral, na segunda-feira de carnaval. Segundo ele é preciso profissionalizar as escolas para que elas possam “sair do controle de quem quer que seja – bicheiros ou milicianos, qualquer agente ilegal.” E completou: É ilegalidade em cima de ilegalidade. O romantismo acabou há muito tempo”.
Novidade não é, diga-se a verdade. Mas de tempos em tempos a harmonia entre samba e crime atravessa a avenida, e aí amigo, não há lugar para fantasias...inclusive a que se refere a nós jornalistas.
O enfoque das nossas coberturas geralmente é a paixão, o luxo, as personagens do espetáculo. Raramente, corrija-me se estiver enganado, abordamos os bastidores, a origem das verbas, o compasso da ilegalidade forjado além dos barracões e quadras.
Não seria esse um enredo pertinente, de interesse público?
Se você é da mesma opinião que a minha há de concordar que precisamos evoluir nesse quesito, sob o risco de sermos rebaixados.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Sacanagem as claras...

Li uma vez e fiquei com a sensação que não havia entendido. Li novamente e a sensação passou a ser de incredulidade.
Servidores do senado que recebem acima do teto estabelecido pela constituição, ou seja, fora da lei, e que tiveram os nomes divulgados pelo site Congresso em Foco decidiram processar os jornalistas.
E sabe qual é a alegação? Eles tiveram a intimidade e a privacidade invadidas pela publicação dos valores dos contracheques.
Entendeu porque precisei ler duas vezes?
É como um batedor de carteira pego em flagrante alegar invasão de privacidade quando o dono da carteira quiser conferir os pertences, e adepois decidir processar a vítima...
No caso dos servidores do senado são 43 ações e cada uma pede R$ 21,8 mil de indenização.
É intimidade demais com o nosso bolso, não?!!!

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

É mole?!

Tenho me surpreendido, não raras vezes, como uma inversão de valores que coloca o particular acima do público. E digo isso em relação a coisas do cotidiano mesmo...
Nesse final de semana um motorista de ônibus avançou o sinal vermelho, em Cariacica, na Grande Vitória. Para sorte dele, dos passageiros e dos outros condutores que iriam cruzar a pista, nada de mais grave aconteceu...até que um policial decidiu segui-lo e multá-lo.
Revoltado, ele reuniu os companheiros de profissão no terminal e organizou um protesto.
Pronto, nenhum ônibus saiu...a população que aguardava na fila, na fila ficou. Mas como paciência tem limite, os usuários decidiram também protestar e fecharam uma rodovia federal, a BR 262.
Confusão armada por mais de duas horas, em pleno domingão!!
Tudo porque alguém acha que tem mais direitos que outro alguém, ainda que não respeite ninguém...