segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Gente besta

Menos de um metro quadrado. A porta se abre. Maldita hora, por que não desceu direto?
- Bom dia...é o máximo que falam.
A porta se fecha. Olham para um lado, para o outro. Cruzam os olhares no espelho, justamente quando tentavam olhar para algo que não o outro. Na parede, o recado já tantas vezes lido em outras tantas situações como essa. Nenhuma atenção!
Mexem no celular, mesmo sem chamada alguma. Olham para os pés, como se procurassem uma saída. Ela não chega...
Fração de minutos que parecem uma eternidade.
Um pequeno solavanco e a porta se abre. Os dois querem sair rapidamente dali, ganhar a rua, respirar. Deixar par trás a presença do outro.
Quando voltarmos para casa, quem sabe não seria melhor subir pela escada. Isso se ela não pensar a mesma coisa...

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Ponto de vista

Tomo emprestado uma frase do teólogo Leonardo Boff: "Todo ponto de vista é sempre a vista de um ponto". A grandeza desse pensamento está justamente na pequenez da nossa significância, pressupõe, de antemão, humildade para o debate de ideias.
E como é bom discutir! As verdades absolutas nos emburrecem, nos ofuscam a visão, nos deixam na boca um gosto amargo. Não pela derrota em uma discussão, como se houvesse vencedor e vencido, mas sim, pela perda da discussão.
Ah, como carecemos disso...o diploma para o exercício do jornalismo, por exemplo, voltou à cena, ontem. A Comissão de Justiça da Câmara aprovou o projeto que prevê a obrigatoriedade e agora vai para a análise do plenário, mas enfim...
O que importa é menos a decisão final, e mais a discussão que se abre.
Entendo que qualquer pessoa possa ter habilidade para ser jornalista. Não significa competência. Essa é forjada, trabalhada, aprendida.
A universidade é tão somente um filtro, não para a reserva de mercado, como muitos apregoam, mas para o conhecimento, ainda que discutamos a eficácia das nossas instituições de ensino. E devemos, urgentemente.
Valorizo sim o talento, mas a exceção não valida regra...
Acredito no dom, mas prefiro a paixão...é esse tipo de gente que faz a diferença!
Liberdade de expressão? Sim, irrestrita...sempre. Só não entendo porque o conceito é invocado nesse caso. Não confundamos as coisas...falar o que se quer não cabe no jornalismo. A busca pela imparcialidade é premissa básica, nossa razão de ser.
E por último, dizem que a exigência do diploma universitário priva o jornalismo do conhecimento de especialistas de áreas diversas. Bobagem! Sejam colunistas, promovam o debate de ideias, nos enriqueçam com pontos de vista diferentes.
Quem sabe possamos discutí-los saboreando um bom prato feito por um chef de cozinha ou por um jornalista. Lembram???

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Pra sempre

Não sem motivos esse espaço se chama Palavra por Palavra. É minha ferramenta de trabalho, minha paixão verdadeira...

Por vezes doce, por vezes duras...amargas tantas outras. Concretas, abstratas, sutis, quase a espreita. Sussuradas, gritadas, as não ditas...amo as de uma cor só, preto no branco. As cinzas e as coloridas me deixam extasiado.

Amo aquelas com sabores variados, de aromas que enchem as narinas. As que esperamos, as que nos pegam de surpresa, as que nos fazem seguir adiante, as que nos deixam estáticos. Como as desejo...simples, rebuscadas. As que transbordam emoção, vivacidade, confiança. As que nos deixam com os pés no chão, as que nos jogam pra cima, as que nos impulsionam.

Tenho um carinho especial por aquelas que nos ajudam a enxergar quem somos, a corrigir nossa trajetória, as que deixam dúvidas pelo caminho.

Amo as petulantes, as corajosas, aquelas sem muitas certezas, dúbias até...amo aquelas que me trazem lembranças.

E nessa paixão louca, só encontro uma palavra para agradecer os comentários, as mensagens, os telefonemas, os e-mails, os abraços e beijos: Obrigado!!!

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Por inteiro

Já se vai quase um mês que estive aqui pela última vez. Senti falta sim, muita. Precisava de um tempo, um lapso de tempo. Vivemos sem muito pensar, ou pensamos sem muito viver. O equílibrio é para poucos, não me incluo entre os felizardos.
Bom, hoje é o fim de um ciclo. Peço licença pra chorar...quem conviveu comigo nos últimos três anos no SBT sabe que vou sentir saudades. Lembro de uma música do poeta Gonzaguinha que diz assim: "Toda pessoa sempre é as marcas das lições diárias de outras tantas pessoas".
Aprendi, como aprendi! Se na correria do dia a dia, por alguns instantes você parar e olhar a sua volta, vai perceber quão rico é o nosso ambiente. E por isso, só por isso vou sentir saudades.
Saudade dos embates, mais que das brigas...das emoções, mais que do racionalismo sem sentido...das dúvidas constantes, mais que das verdades absolutas...dos medos, mais que da coragem...da vontade em fazer, mais que da falta de estrutura...do bolo de cenoura da tia da Daiane, mais que dos biscoitos roubados de mesa em mesa.
Vou sentir saudade da precisão do Diamante, da fluidez do Sérgio...do bom humor da Camila, do choro da Majô, do desapego da Márcia...da garra das meninas da pauta, como vou sentir saudades!
Vou sentir saudade das extravagâncias do Rodrigo, do apoio incondicional da Valentina, do tesão do Diego, das sacadas do Celito...vou sentir saudade do comprometimento do Thiago, dos medos da Roberta...vou sentir saudades do carinho do Adriano, das confusões do Taylor... saudade da parceria com o Morango, das piadas do Flavinho, das explicações do André Calvi, da meiguice da Belinha...vou sentir saudades!
Saudade das ideias do Luizinho, da dedicação da Camila Amaral, das tiradas da Cilene, da tranquiliade da Fabi...vou sentir saudade da correria do Wil, das preocupações da Eli...vou sentir saudade de gritar do outro lado da redação "e aí monstro!!!"
Vou sentir saudades por inteiro!!!