segunda-feira, 27 de junho de 2016

Um tantinho assim de atenção...

Pra bom entendedor nem pouco nem muito. Na medida do coração.
Razão não grita no peito, se cala. Machuca, abre ferida, funda.
Afunda, feito âncora. Estanca!
Um tantinho assim...medida dada na mão, palmo de chão.
Não se pede. Se dá ou se ganha. De um jeito ou de outro por merecimento, aos olhos de outrem ou de ninguém. 
Um tantinho assim...

sábado, 11 de junho de 2016

A ajuda do acaso

Procuramos por padrões. Assim nos sentimos mais confortáveis, menos inseguros.
Legítimo é, não verdadeiro! Bastaria argumentar que nossos julgamentos sobre os encontros e desencontros da vida não são precisos frente a informações imperfeitas ou incompletas.
Bastaria, digo, porque sequer nos damos conta disso.
Seguimos com a certeza inexorável dos eventos que se repetem hoje, amanhã e depois de amanhã…
Negamos o aleatório. Expurgamos o acaso.
De que adianta? Ele está a espreita.
Assim é o amor, não?
A diva pop Amy Winehouse cantou que o amor é um jogo de azar.
Quer mais aleatoriedade? Jogue o dado e espere pelo número desejado. A chance de você errar é muito maior do que acertar. 5 contra 1.
Mas acontece…na mesa de um bar, no elevador, em uma fila qualquer, num esbarrão sem querer, na cozinha, entre dois olhares que se cruzam.
Destino?
Alguns diriam que sim. A antiga lenda chinesa do Fio Vermelho conta que quando nascemos os deuses amarraram em nossos tornozelos um fio vermelho invisível nos ligando eternamente a nossa alma gêmea. Quanto mais emaranhado estiver o fio, mais perto estamos da pessoa amada…a sutileza é que o fio pode permanecer esticado por toda vida, e ainda que as pessoas estejam ligadas, nunca vão se cruzar.
Por isso, no jogo de encontros e desencontros da vida, marcados pela aleatoriedade, se ao jogar o dado você tiver a sorte de tirar o número desejado, então, recolha os dados e não deixe que o fio vermelho se estique.
O acaso te ajudou e o destino é você quem constrói!!

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Um novelo de lã

O dia foi corrido! Assim, curto e grosso. Como a colocar um ponto final em qualquer possibilidade de argumentação. Conversa que não se iniciou, um projeto que não andou, um bom dia que se foi sem se fazer tarde, noite...as prioridades têm suas sutilezas, e no emaranhado da vida vamos nos perdendo, enrolados aqui e ali a caminhar em um labirinto gigante. 
Acabamos devorados! Como no mito grego do Minotauro alimentamos o monstro, dia a dia.
Impelidos pelas circunstâncias ou por escolha própria. 
Não importa! De um jeito ou de outro não há saída...alguns de nós receberam um novelo de lã das mãos de Ariadne, assim como o herói Teseu, mas abdicaram da sorte. E mesmo que matassem o monstro, perdidos permaneceriam, sem encontrar o caminho de volta. 
O dia foi corrido sim. E nas escolhas que fazemos, no imaginário de nossas prioridades, vamos nos esvaindo.
Amanhã, bom, amanhã procure um novelo de lã!


Enviado do meu iPad

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Bate à porta

Paralisa, nos rouba o fôlego. Nos deixa vencidos, e derrotados procuramos para além de nós os algozes.
Sofreguidão sem saída, sem sequer uma porta de emergência por onde pudéssemos correr.
Sentido não há, nem pra lá nem pra cá! Os caminhos, todos, levam a um mesmo lugar. Cegos tateamos em vão.
Angústia que chega sem se apresentar, sem por às claras os porquês...e por quê?
Porque, dissimulada que é, nos deixa sem saber por que nos permitimos.

domingo, 28 de fevereiro de 2016

A feijoada

Estava sentado no canto da mesa. A cozinha era relativamente pequena, mas do tipo aconchegante. Armários de um lado, a pia e o fogão do outro, tomando toda a parede. No canto oposto ficava a geladeira. 
Ela se sentou a minha perpendicular, quase de costas para o restante.
Despejou sobre a mesa um punhado de feijão. Sorriu, disse algumas palavras sobre o cardápio para o dia seguinte e começou a separá-los. Um a um. Os dedos fortes de unhas escarlate, se não me engano, dançavam entre aqueles pontinhos pretos. Um pra lá, um pra cá...um pra lá, um pra cá...
Alí, naquela tarefa simples, estava a vida, a rotina, o dia a dia, nossas escolhas, o que juntamos, o que separamos. Alegrias e tristezas misturadas. O dedo impositor, assim como nosso ego, a dizer isso é bom, isso não. E isso usando apenas um sentido, ainda que os olhos não nos permitam ver além da aparência. Está escrito, frase minha não é!
A essência, guardada no sabor, ah, só no dia seguinte, quando a feijoada for servida. 
Mas aí já pode ser tarde...o sabor, ficou na mesa, no canto da cozinha...

Cem palavras...Sem Palavras!!

Uma, duas, três...conte-me, se nada melhor houver para fazer, ou, simplesmente reflita. 
Palavra que sou, já tenho certeza das minhas escolhas. Ora verbo, ora substantivo, objeto direto ou indireto, adjetivo, advérbio, pronome, às vezes até, indefinida.
Sentidos tenho muitos, e estou sempre disposta a repensá-los. Sou viva!
Arrogante às vezes, dura, sarcástica, má, cínica. Sutil, flexível, doce, carinhosa sim, apaixonante...
Estou em suas mãos! E se de mim exige clareza, deveria cobrar de si cuidado como me usa.
Nada é pior que sentir-me sozinha, como quando alguém diz "estou sem palavras", para o bem ou para o mal...nada!!!