quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Engasgado...

Cheguei pouco depois das seis horas da tarde, uma hora antes como pedem as companhias aéreas. 
Bobagem...podia ter feito as coisas com mais calma, não precisava ter adiado aquela última reunião e...ah, dava tempo de ter comido alguma coisa...eita fome!!
Enfim, logo no check in a mocinha  informou que o vôo estava atrasado. Aliás, nessa relação de compra e venda de um serviço, somos nós consumidores que cumprimos o acertado. Alguém ainda tem dúvida?
Não me recordo de pagar por uma passagem aérea cujo horário fosse mais ou menos 8h, ou quem sabe, entre 7h e 10h.
Não, são horários definidos e chegue atrasado vc pra ver...
Despachei a mala e me dirigi para a lanchonete. Além de algo para forrar o estômago, agora precisava de uma cerveja. 
O vôo foi confirmado para duas horas e meia depois do horário anunciado pela empresa quando comprei o bilhete.
Ao meu lado escuto um casal conversando.
- Ainda bem que confirmou!!
Pedi mais uma cerveja. Antes de qualquer coisa somos nós que não nos respeitamos e a tolerância nos deixa apáticos. Nos acostumamos com serviços mal prestados, mesmo pagando valores exorbitantes.
Dei a última mordida no sanduiche, arrematei com um gole de cerveja e decidi esperar na sala de embarque.
Péssima ideia. Havia mais gente  de pé que sentada, malas pelos corredores, sim, é impressionante o que as pessoas entendem como bagagem de mão.
Quarenta minutos depois, ainda de pé, ouço a chamada.
- Senhores passageiros, embarque pelo portão...
Ah, e a passagem que comprei para desembarcar em Congonhas, agora me deixaria em Guarulhos...
É o jeito tam (em letras minúsculas mesmo) de voar. Cuidado para não engasgar com a bala...

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

De que somos feitos?

De saberes que nem sempre sabemos concatenar. São díspares, difusos, caóticos...não se amalgamam em discurso lógico e coerente. Perdem-se porque antes neles nos perdemos.
Quer saber? Não importa o que se sabe...quando não nos paralisa por absoluto egocentrismo, serve tão somente como uma bússola a nos guiar por saberes ainda não descobertos.
Ah, processo angustiante, sem fim...é do inconformismo que ele se nutre.
E ainda que saibamos que o saber não nos garante chegar a algum lugar, o não saber, sabemos, leva a lugar algum.

Na linha do tempo

Quando o trem apita, desce a escada do sobrado, de janelas azuis e paredes brancas, sem muita ligeireza, mas em tempo suficiente para receber quem por aquelas paragens decide ficar...é essa uma das maiores alegrias de um senhor de cem anos, completados hoje.
Pelo que ouvi das histórias contadas por um dos seus netos, ditou o ritmo da vida como um maquinista que de tanto seguir viagem pela mesma estrada conhece as nuances de aclives e declives, e sabe que mais hora ou menos hora, a planície vai chegar. Por isso, aprecia cada momento do caminho.
Eu já tinha estado com ele uma vez. Me recebeu sem cerimônia e foi logo oferecendo um café. Ao entrar, o cheiro da casa me conduziu a infância, quando viajava com minha avó para Lins, no interior de São Paulo.
Sentado ao redor da mesa da cozinha me deu uma saudade danada...
Ah! Se por acaso você passar por esse cantinho do mundo, alí na Vila de Santa Isabel, procure pelo senhor Gustavo José Wernersbach. Tome um café, leve um dedo de prosa e quem sabe você descubra que o tempo é só uma estrada...