sábado, 16 de junho de 2012

Não se apaga...

Implacáveis ou acolhedoras, é só uma questão de perspectiva quando olhamos as marcas deixadas na pele. Espelhos de nós mesmos, do que fomos, do que somos. E quando o amanhã chegar outras virão, prontas para ativar nossa memória, como uma fotografia. 

E assim seguimos, deixando que o tempo tatue na pele nossa história, cronologicamente, sem saltos, sem dúvidas, sem arrependimentos, talvez com alguns sobressaltos, sim, que a vida nos ofereceu.

Grafadas em letras maiúsculas estão as escolhas que fizemos...

sábado, 2 de junho de 2012

Não ligue pra ela...

O sinal fechou. Parei. Do meu lado esquerdo a ponta de uma parachoque entrou no meu campo de visão e fui acompanhando o movimento, passando pelo pneu, a lateral, até estar emparelhado com a janela. 
A mulher falava sem parar. O corpo jogado pra frente, praticamente escondido atrás do volante e a cabeça voltada para o rádio no painel. 
Quando parou de falar, se recostou no banco, por quatro, cinco segundos. Em seguida, se projetou de novo em direção ao painel, e assim sucessivamente por quase um minuto.
Isso que é tecnologia. Bluetooth!!
Imagino o vendedor explicando:
- Agora a senhora vai poder estar conversando com as amigas sem se preocupar. Não precisa mais segurar o celular. A senhora vai falar pelo rádio do carro. Perfeito!
Só faltou explicar que não precisa ficar toda torta no banco e nem colar a boca nos botões do rádio.
É ridículo sim,, mas pense, de verdade, quantas vezes eu e você já fizemos papel de bobo quando nos deparamos com uma novidade.
Por equanto só não ligue para ela para contar...você pode provocar um acidente. 



Choro

Os olhos ficaram marejados. Inundados aos poucos...até que a lágrima vence a barreira e escorre, lenta, triste, procurando caminho pelo rosto, deixando um rastro fino. 
O dedo interrompe a trajetória, desvia o curso discretamente, quase com vergonha. Espalha pela pele os resíduos, que o dorso da mão se incumbe de dar fim. Tentativa apenas, frustada. 
Juntam-se outras a primeira lágrima, e ainda que não exageradas, em quantidade suficiente para escapar ao controle.
Um gosto salgado se precipita sobre os lábios e a emoção posta para fora se internaliza. 
Fecham-se os olhos, como se fechados melhor pudessem ver as marcas deixadas. Não se pode. Abertos tão pouco...