terça-feira, 27 de outubro de 2015

Uma conversa...só uma conversa!

Impressão minha ou estamos perdendo o hábito do diálogo?
Gastamos tempo precioso falando, defendendo pontos de vista, quase como um mantra, um transe hipnótico, nos satisfazendo com nós mesmos. Nada contra as ideias preconcebidas, somos feitos desse material...tudo contra a ideia de que as ideias são imutáveis, de que a sua é melhor que a minha, de que se por um instante  nos permitissemos refletir, estaríamos nos apequenando. 
Bobagem!!!
Reduzimos as conversas a um combate, quando no máximo poderiam ser defnidas, em circunstâncias extremas, como embates. 
Pense quantas vezes você se percebeu platéia, não interlocutor. Agora pense quantas vezes você fez o outro se sentir dessa mesma forma...
Pois é, centramos energia na fala e, quando ouvimos, escutamos apenas a nossa própria voz. Esquecemos que nos tornamos "eu" na troca com o outro. Somos singulares porque, em algum momento, fomos seres plurais. E aí está a beleza do diálogo verdadeiro. Não se trata de ganhar ou perder...
Não sei você, mas sinto falta de uma boa conversa!!

 

domingo, 25 de outubro de 2015

Dói o estômago

Dói o estômago a tranquilidade almejada ao abri mão de paixões, de desafios, da construção. 
Erguemos muros para nos proteger do novo. Hoje é igual a ontem. Repetimos, repetimos, repetimos...e o resultado será o mesmo! 
Matamos a possibilidade de futuro, a centelha do entusiasmo, menosprezamos a dúvida. Gostamos mesmo é da certeza. 
Risco pra quê? Já nos machucamos tantas vezes, nos decepcionamos, sofremos!! Ah, como sofremos...melhor mesmo é nos escondermos, protegidos,  da complexidade da vida.
Pelo menos aqui, por detrás dos muros, o controle é nosso, tudo faz sentido! 
Verdade que às vezes escalamos o paredão e nos permitimos uma espiada rápida, sem comprometimento, anônimo na madrugada. Vou lá e já volto, sabem como é?!
Nos satisfazemos por uns poucos instantes, perdemos o fôlego! 
Não, não podemos,  já não nos sentimos capazes, perdemos a coragem de olhar um pouco mais adiante.
E assim, mais uma vez, deixamos de agarrar a verdadeira tranquilidade de nos sentirmos inteiros, abertos à vida!!!!


quinta-feira, 2 de abril de 2015

Um grito, um choro

Sentei  a poucos metros do gramado, quase no mesmo nível deste. A voz a minha frente foi aos poucos sumindo, e outra, longínqua, tomou o espaço.
Era pequeno, daquela época em que os sons são apenas sons...importante esclarecer, desde já, que a falta de capacidade de discernir entre este ou aquele não significa que sejam desprovidos de sentido, não, longe disso.
Fui arrancando de meu descanso com um grito...estava no berço, tranquilo, ainda que o ambiente estivesse imerso em tensão. Acordei assustado e claro deixei para todos, tamanha a choradeira que se seguiu.
Meu pai, de olhos fixos na televisão, saltara do sofá...braços estendidos, boca escancarada...Gooolllll!
Era o segundo da seleção brasileira. Final de Copa do Mundo.1970. Brasil e Itália.
Eu tinha seis meses de vida...agora, cá estou eu no Estádio Azteca.
Senti saudade de um tempo que não vivi. Senti saudades de abraçar meu pai e ouvi-lo contar como nossos jogadores desfilaram por aquele gramado...
Goooolllll!! Gritava um senhor ao meu lado, a pedido da guia que conduzia a visita. Ao longe, o eco das vozes de um pequeno grupo de quinze pessoas.
Gritei também!!! Pena que meu pai não estivesse ali...de certo, juntos choraríamos...