terça-feira, 12 de novembro de 2013

The end

Segurou o trânsito desde a esquina anterior. Devagarinho...ligou o pisca-pisca, indicando que procurava uma vaga. Bobagem, já sabia que naquele trecho nao havia...tinha dado a primeira volta no quarteirão.
Parou em fila dupla, e os demais que desviassem pela contramão. Saltou do carro e se dirigiu a calçada para escolher o último lançamento pirata, exposto entre diversos dvds empilhados na parede.
Como a freguesia era grande, ali ficou por 10 minutos, um pouco mais, um pouco menos.
No carro, a mulher e a filha aguardavam o papai com a novidade. Levaram para casa exemplos de como os "eu" são mais importantes que nós.

sábado, 2 de novembro de 2013

Nem faz tanto tempo...

Quinze minutos se passaram e eu estava ali. Um som gostoso, daqueles que nos fazem buscar o toque da mão com a coxa.
Vivemos assim, não? Entre tentativas de acompanhar o ritmo...estava ali para participar de uma oficina sobre o futuro do jornalismo.
Ao descer a rampa principal fui resgatando de um lugar qualquer na memória as histórias que naquele lugar vivi. Descobri pensadores em livros e em muitos botecos. Fui aluno e professor. Me embriaguei de momentos, me apaixonei por gente sem tempo de virar história e por histórias de gente ao longo do tempo. Ainda quero contá-las, todos os dias.
Fiz amigos, bons amigos...fizemos greve, fizemos política,  fizemos festa. Debatemos sociologia, psicologia, semiótica com paixão.
No acorde do baixo, deixo que o olhar volte a percorrer o lugar e me dou conta do caso de amor.
Sou filho da PUC...

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

"Mea culpa"

Culpe o outro. Culpe a falta de tempo, os tempos modernos. Culpe a tecnologia, o excesso de informação, as multiplataformas. Culpe o que vier pela frente, contanto que isso preserve sua própria arrogância.
A maior revista semanal do país dedicou essa semana 17 páginas para a história dos cães resgatados de um laboratório de testes. Esforço jornalístico digno de admiração,  não?
O que se lê página após página é na verdade o esforço para contar uma história a partir de um único ponto de vista.
Lembrei do teólogo Leonardo Boff...certa vez, disse ele: "todo ponto de vista é sempre a vista de um ponto".
E assim se mata o jornalismo...carregue a culpa!

Tenho medo do simplismo

Reduzimos tudo. Minimizamos as relações, quaisquer que sejam elas. Preto no branco...só certezas. Pra que fazer perguntas complexas, daquelas que podem nos tirar do conforto das afirmativas acabadas?
Que coisa mais desagradável!
Melhor mesmo seguir nosso simplismo, sem vergonha alguma é bom frisar.
Essa semana, uma das revistas de maior circulação nacional corrobora o que eu digo. Na capa, a publicação estampou a foto de um cachorro e a pergunta:  "A vida dele vale tanto quanto a sua?"
A reportagem trata do uso de animais em pesquisas científicas. E vai aí uma dica: o ser humano é o centro de tudo. Simples assim, portanto...
Não pense você que sou contra ou a favor da tese, não se trata disso. Sou contra sim o fim da complexidade, daquilo que realmente nos diferenciava entre as espécies...Ah, mas essa é uma discussão muito chata, sim ou não? ?

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Sei lá...

Tenho dúvidas, tantas e tão díspares que me pergunto se alguma certeza eu tenho.
Certa angustia me aflige, certo é...só não sei ao certo se é a falta de certezas ou a certeza de que a dúvida é o caminho certo. Sei lá...
Procuro, vasculho, reviro. Respiro...
Tudo quero! Menos a certeza que cheguei ao fim quando as dúvidas cessarem...

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Entender pra que?

A hora é de sentir. Talvez esse seja o principal recado vindo das ruas...cada um vai descobrindo que a insatisfação por isso, por aquilo, por aquilo outro, não é só dele, mas também do desconhecido ao lado e a angústia ganha aconchego na massa.
É um caos? É...e não é assim a vida?
O que fazemos é planilhar, estabelecer metas, listar prioridades, racionalizar. No mundo cartesiano é mais fácil caminhar...quando o compasso é outro, cego ficamos.
E perplexos diante da dificuldade aponta-se a falta de clareza nas reivindicações ou a falta de lideranças dos protestos pelo país como algo negativo.
Bobagem!! Como diria Chico Buarque 
"...meu sangue errou de veia e se perdeu...me explica agora com que cara eu vou sair..."


segunda-feira, 17 de junho de 2013

Uma estranha mania...

Gosto de gente!! Dos seus gestos, dos costumes, do jeito de se vestir...ainda que estejamos todos cada vez mais parecidos. Gosto do burburinho da multidão, mas aprecio mesmo a singularidade da fala, a musicalidade, mesmo que não entenda palavra alguma.
Gosto da impaciência de quem tenta se fazer entender, e gosto ainda mais do olhar paciente de quem encontra formas de compreender o outro...
Gosto da pressa em chegar. Gosto da tranqüilidade de quem já chegou...e isso vale um brinde!!!
 

sábado, 15 de junho de 2013

Diferentes...ainda bem!

Não gosta, apague. Discorda, bloqueie.
Simples...e um risco, um atentado contra a tolerância, o respeito, a divergência. 
Se tão somente seu umbigo é o que importa, olhe novamente pra ele e perceba que o contraditório revela menos dos outros e mais de você mesmo...
Li recentemente nas redes sociais centenas de opiniões sobre as manifestações em São Paulo, e o que me aflige é a desfaçatez com que as pessoas bloqueiam de sua lista de "amigos" aqueles com opiniões contrárias.
A vida face a face é mais construtiva que isso. Viva a mesa de bar madrugada adentro, a roda de amigos que no dia seguinte estará lá, concordando ou não...ainda assim, amigos!!

terça-feira, 11 de junho de 2013

Um menino em Praga

Por vezes ela se abre inteira. Não pense por isso que não gosta de se esconder...o risco de se enganar é grande, tão quanto a frustração de quem  perde a chance de vivenciar os segredos  da amada 
E acredite, há muitos...ela já provocava êxtase antes de sua chegada. Você não foi, não é, nunca será o único. 
E sabe o que mais? Não importa...ela te deixa vidrado, mexe com seus sentidos todos.
Como diria Franz Kafka, um dos filhos mais ilustre dela, "quem possui a faculdade de ver a beleza não envelhece".

sábado, 8 de junho de 2013

Ligações...

Ela foi construída há séculos, destruída nas duas grandes guerras, reerguida sempre...história concreta  de dois lados de uma mesma cidade que nem sempre estiveram unidos.
Lutaram por isso...
A "Ponte das Correntes" é um símbolo a nos dizer que é preciso construir ligações. Assim é a vida, ou não?
As adversidades são temporais, seguem o curso como o rio Danubio...

Uma senhora...

Sozinha, passos vagarosos, blazer com aparência desgastada...o olhar se dirigia lentamente para cada ponto, como a se acostumar com a visão, deixando o corpo descansar enquanto o espírito se embevecia com a beleza ao redor.
Na beira do rio Danúbio  tirou do bolso esquerdo do casaco um smartphone. Apontou-o em direção ao parlamento de Budapeste e clicou. 
Ajeitou o óculos pendurado no pescoço, conferiu a foto e partiu...do mesmo jeito que chegou, lentamente, com o casaco velho caído sobre o ombro e o smartphone na mão.
A senhora sem nome poderia bem ser um retrato dessa cidade, onde o velho e o novo estão conectados...

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Choro d'alma

Compulsivo não. Tão pouco escandaloso. Não é um choro de corpo, não. 
Choro d'alma...baixinho, contido, quase tímido...É como se numa fração de minuto abríssemos um baú onde guardamos nossa história...não se trata de nostalgia, longe disso. É menos concreto, menos pontual.
Choramos não pelo que foi. Choramos pelo presente que o passado poderia ter nos roubado...minha irmã, há dez anos recebeu uma notícia de câncer no seio.
Enfrentou e venceu!
Hoje brindamos em uma esquina qualquer de Viena...um choro nosso, tímido, baixinho, um choro de alma lavada....


quarta-feira, 5 de junho de 2013

Dobrei a esquina...

E mais uma, mais outra, de certo outra alí a frente.
Voltei agora de um espetáculo do Teatro de Marionetes, em Viena, com a encenação da Ópera "A Flauta Mágica", de Mozart.
A peça foi escrita no século XVIII, embalado pelos ideais iluministas, ou seja, a primazia da razão. Contra as certezas absolutistas da Idade Média, as dúvidas de quem buscava sabedoria.
Olha ela aí de novo!! 
Sigo em frente, sem nada querer explicar, mas de tudo um pouco querer entender...pelo menos até a próxima esquina!!!

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Andar...apenas andar!!!

Sorver o que os olhos capturam, sem muita razão, sem sentido algum. A direção pode ser qualquer direção...tudo é novo! 
Einstein dizia que mais importante que o conhecimento é a imaginação. 
Penso que esta nos dá a maior dádiva de todas: a dúvida.
É ela que nos impulsiona ao primeiro passo, que nos acalenta a alma, que nos grita que somos falíveis, que nos permite fazer e refazer caminhos, como se novos fossem a cada vez.
Na próxima esquina não sei se vou para direita ou para esquerda, sei apenas que vou. E se descobrir que por ali já andei, tenho certeza que algo novo vou descobrir...

domingo, 2 de junho de 2013

Pra não esquecer...

A alma se apequena e sinto uma espécie de vergonha da raça humana.
Difícil não é acreditar que somos capazes de tamanhas atrocidades, não. Dachau está aqui!
Difícil é saber que há quem negue o holocausto ou que não dê a importância devida.
Para além da concretude do espaço, andar pelo campo de concentração é vivenciar histórias de 60 mil prisioneiros. A maioria aqui ficou, nunca mais cruzou de volta os portões. 
Dachau foi o primeiro campo de concentração montado pelos nazistas e o último liberto pelas tropas aliadas ao final da segunda guerra mundial.
De lá pra cá outras tantas atrocidades foram cometidas pelos homens contra os homens, tão somente porque uns são diferentes dos outros.
Parece que esquecemos...

Gentileza

Olha no mapa, vigia as malas, se protege da chuva, procura pelas placas de rua, olha no mapa novamente e nada...
O jeito é perguntar...surpresa!!
Em todas as vezes fomos super bem recebidos. Uma garota abriu um mapa gigantesco no meio da rua para nos ajudar. Mais a frente um grupo de amigos, além de nos indicar o caminho nos ofereceu cerveja para brindar nossa chegada a Munique.
Seguimos pelas ruas com as garrafas no bolso e com a sensação de acolhimento.
Sorte? Pode ser...no apartamento que alugamos uma outra pessoa que viu nossa dificuldade em encontrar as chaves, se dispôs até a ligar para o "síndico". E assim o fez...

sábado, 1 de junho de 2013

Cá como lá??

Há tempos não passava pelo aeroporto Charles de Gaulle com possibilidade de observá-lo. As véspera da Copa das Confederções, Copa do Mundo e Jogos Olímplicos, nosso olhar fica mais aguçado e as comparações, no meu caso, não passam de achismos, por isso, peço licença aos mais viajados...
Os terminais são bastante amplos, com poltronas espalhadas pelo saguão. Pontos de internet, banheiros limpos, sinalização, gente para dar informações.
O que mais chama atenção é que mesmo estando em um dos principais destinos turísticos na Europa não há confusão, de nenhuma natureza.
A estrutura física é toda pré-moldada e poderia sim ter servido de exemplo para nossos governantes. 
Como diz um amigo: "o fato é que não me sinto nada em casa quando estou fora do Brasil". 
E nem com saudade....

Em 23 de maio de 2013 07:27, Alexandre Carvalho <alexandrec@redevitoria.tv.br> escreveu:
Bom dia Dani,

Nós demos a notado Hipermercado Ok?

Bj

Enviado via iPad
aguçado em termos de percepções. 

Quem não se comunica...

Cara de quem não entendeu, não dá...
Alguém precisa avisar os franceses que uma companhia que se pretende global, como é o caso da Air France, não pode ficar sem se comunicar.
Não faz sentido algum as comissárias de bordo não atenderem os passageiros em inglês.
Vá lá que a língua é o maior símbolo de nacionalismo, mas ainda que respeite
o orgulho alheio e até admire certas resistências culturais, falar sozinho...

É pra lá que eu vou...

Cacá não é um velho amigo,  esses de longa data, não. Nos conhecemos há pouco mais de...deixe-me ver...uma hora talvez.
Na verdade dividimos a mesma fila no aeroporto e trocamos algumas reclamações sobre a demora e a qualidade do atendimento.
Ele fez questão de se apresentar como Cacá. Até contou que se chama Carlos Eugênio, mas esse é o nome do pai também...
Enfim, Cacá estava embarcando para Burkina Faso. Levava na bagagem enxadas, sim, isso mesmo, mudas de plantas, e conhecimento brasileiro desenvolvido pela Embrapa, que tem ajudado alguns povos africanos a conquistar o diteito mais básico:  plantar e quem sabe colher seu próprio alimento.
Cacá foi ajudar...boa viagem!!!!

segunda-feira, 22 de abril de 2013

É assim...

Por entre a fresta da porta de vidro o vento passa. Junto ao frescor, o zunido. É como se o ar ganhasse voz, entrecortada pelo barulho ritmado do relógio...tic-tac, tic-tac, tic-tac...o resto, silêncio.
O dia não veio, mas a noite se foi, perdida em algum ponto da escuridão. Quem sabe pra onde?!
O tempo rasgado, qual folhinha velha atrás da porta. Dia após dia, um dia a menos. Tempo marcado em páginas rabiscadas, viradas sem terem sido escritas, ou foram e nós que não conseguimos decifrá-las...
O vento parou, já não fala mais. O tempo, ah, tic-tac, tic-tac, tic...

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Omissão e Miopia

Acompanhamos na última semana a dor das famílias que perderam os filhos na tragédia em Santa Maria, Rio Grande do Sul. Segue-se agora a busca pelos responsáveis. De um lado, a omissão do poder público, seja por permitir que a boate Kiss funcionasse sem alvará, seja pela falta de fiscalização. De outro, a ganância do empresário, que não garantia as condições de segurança necessárias.
No meio, centenas de jovens que tiveram a vida roubada, e antes disso, a informação.
O Jornal da TV Vitória veiculou com exclusividade uma reportagem que mostra que os dez terminais de ônibus da Grande Vitória estão irregulares, ou seja, não têm alvará de funcionamento desde março do ano passado.
Por eles passam cerca de 80 mil pessoas por dia. O corpo de bombeiros foi procurado, mas não esclareceu quais são as irregularidades. A Ceturb, Companhia de Transportes Urbanos, foi procurada, mas se negou a dar informações.
Para além do problema em si, a falta de transparência potencializa a omissão e/ou a miopia. É direito da população saber em que condições estão os equipamentos públicos que utiliza.
Após o incêndio em Santa Maria, algumas boates no Espírito Santo foram fechadas. Ótimo, se para o bem dos usuários.
Acontece que quem fiscaliza parece que não olha nem para o próprio umbigo. E a legitimidade vai para o ralo...

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Um brinde...

Escandalosa, excêntrica, misteriosa sim. Confusa, perturbadora, simplista, simplória atė...tímida, por vezes. Aberta, acolhedora, dinâmica.
Assustadora...competitiva, extremamente competitiva!
Beleza difusa, tentadora. Um cheiro concreto. Línguas que umedecem a alma, que nos levam para longe, sem sair do lugar.
Desejada...odiada.
Mundana!
Temporal...o ser se esvai na plenitude do estar. Hoje, não amanhã.
Intempestiva, complacente, desafiadora, sempre.
Perspectivas muitas, depende do olhar com que se olha.
Já fui casado com ela...há três anos sou só um amante...minha São Paulo!!

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Um capítulo qualquer de nós...

Passei o olho pela prateleira. Interesses muitos. Estendi a mão em direção ao desconhecido, mas o olhar me traiu e pousou sobre um livro lido há muito tempo.
Guardava dele boas lembranças...uma história de reencontro com o que havia sido e de descobertas do que ainda estava por vir. “O último ano de Ricardo Reis”, escrito por José Saramago, conta a viagem de regresso de um dos heterônimos de Fernando Pessoa à terra natal.
Deixei o livro assentar em minhas mãos, passei os dedos com suavidade pelas páginas, senti o cheiro forte de algo esquecido no tempo. Coloquei a alma em paz e mergulhei eu também numa espécie de regresso.
Se fizéssemos assim com a vida, se nos permitíssemos folhear novamente nossas páginas escritas, descobriríamos, sem dúvida alguma, que a releitura não é reviver o passado, o velho, mas sim descortinar um novo olhar sobre nós mesmos, sobre a tarefa, acima de tudo prazerosa, de escrever nossa história...hoje, amanhã, depois de amanhã...

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Lá vou eu...

Canto de alma, aconchego. Não é lugar qualquer, que está pronto, não. É construção, dia a dia, dia todo, todo dia.
É troca. A singularidade é tão somente princípio. Não meio, tão pouco fim. Somos conjunto de três.
Espaço que vai sendo preenchido e envolve. Canto que me encanta, que me faz inteiro, que me deixa seguro para ir e voltar de canto qualquer pelos cantos do mundo.
Canto meu que me permite enamorar outros tantos cantos com a certeza de que apenas um é, verdadeiramente, meu lugar...