terça-feira, 16 de agosto de 2011

Perdi a fome

Lendo o jornal durante o vôo de volta para casa três notícias me chamaram a atenção, a começar pela manchete de capa: “Moçambique oferece ao Brasil área de 3 Sergipes”.
O governo do país africano acredita que nós temos tecnologia e conhecimento para transformar a área em um campo de produção de alimentos, nos moldes do que foi feito na região do cerrado. Terra fértil para o agronegócio que vai encontrar na África leis ambientais mais flexíveis, como gostam de apregoar os empreendedores rurais...eu, na minha ignorância, prefiro dizer mais perniciosas. Enfim, quando se fala em alimentação, ou melhor, na falta dela, o continente africano há muito estampa as páginas dos jornais mundiais.
Nesse domingo, o enviado especial a Mogadício, na Somália, fez um retrato brilhante sobre a situação do país. De acordo com o Programa Mundial de Alimentação, nos últimos dois meses, 200 mil somalis chegaram a capital fugindo da seca. Outros tantos morreram pelo caminho. A reportagem “Fracos demais para chorar” nos deixa com um soluço engasgado.
E a situação fica pior quando nos deparamos com o texto de Antonio Gois, “Muvuca Planetária”. Ele nos lembra que em outubro seremos 7 bilhões de habitantes. É muita boca pra alimentar, não??
Eu sei, eu sei...os otimistas acreditam que a tecnologia garantirá o futuro do planeta, mas pergunto: Por que ainda permitimos que um pai veja o filho morrer em seu colo de inanição???
Ouço ao longe a voz suave da aeromoça:
- O senhor quer um sanduíche???

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