segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Gente besta

Menos de um metro quadrado. A porta se abre. Maldita hora, por que não desceu direto?
- Bom dia...é o máximo que falam.
A porta se fecha. Olham para um lado, para o outro. Cruzam os olhares no espelho, justamente quando tentavam olhar para algo que não o outro. Na parede, o recado já tantas vezes lido em outras tantas situações como essa. Nenhuma atenção!
Mexem no celular, mesmo sem chamada alguma. Olham para os pés, como se procurassem uma saída. Ela não chega...
Fração de minutos que parecem uma eternidade.
Um pequeno solavanco e a porta se abre. Os dois querem sair rapidamente dali, ganhar a rua, respirar. Deixar par trás a presença do outro.
Quando voltarmos para casa, quem sabe não seria melhor subir pela escada. Isso se ela não pensar a mesma coisa...

2 comentários:

  1. Como é difícil conviver com o outro. Mais difícil ainda resistir ao desejo besta que temos, às vezes, de sermos os únicos. Ninguém mais no trânsito para nos atrapalhar. Ninguém mais na fila do banco ou do supermercado para atrasar ainda mais o nosso dia atropelado. Ninguém mais na sala de aula para que o ritmo do professor seja o nosso. Ninguém mais para nos incomodar com a simples presença. Desejo besta de solidão, que quando bate nos assusta. Talvez você tenha dito logo de cara. "Gente besta".
    Bjs,
    Grazi.

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  2. Nossa... confesso que li este post 10 vezes. Fiquei pensando em todas as vezes, ou pelo menos todas as que eu me lembre em que eu mesma tive essa reacao. Passo por elevarores varias vezes por dia, e torco pra nunca ter ninguem. Muito estranho tudo isso. Acho que nosso inconsciente ja entende o elevador como um lugar de refugio. Normalmente onde vc se encontra. Nem que seja por alguns segundo, ou alguns andares...

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