segunda-feira, 24 de agosto de 2009

A descoberta

Sábado, final de tarde. O telefone toca...

- Será que podemos nos encontrar agora?
- Aconteceu algo?
- Estamos saindo da favela e queríamos conversar sobre algumas idéias.

O grupo tinha ido até a Cidade Tiradentes, na periferia de São Paulo, para conversar com alguns moradores. Havíamos discutido durante a semana e definido mais ou menos o caminho do Trabalho de Conclusão de Curso. Lá foram eles...
Naquele momento não podia atendê-los, mas fiquei pensando porque tamanha empolgação. Não foi difícel chegar a uma resposta. Os olhos haviam captado uma realidade diferente. Sentiram cheiros, ouviram histórias. Por algumas horas se permitiram trazer a periferia para o centro do olhar. E mais que isso, vivenciaram...se despiram das certezas absolutas, das amarradas das pautas pré-definidas.
Curioso como os alunos repetem erros que tantas vezes nós jornalistas cometemos. As histórias estão na rua, nunca na redação ou na sala de aula.
Lembro de um amigo que sempre dizia que ser jornalista é como ter um passaporte que nos permite transitar por diversos "mundos".
Eu diria mais, é nosso dever!

2 comentários:

  1. Uma cama de hospital logo no primeiro cômodo do barraco que expõe, para quem passar pela ruela de lama, um doente que parece entender que sua enfermidade é somente parte de todas as mazelas que o cercam...
    Digamos que você tem representado um ótimo carimbador de vistos em nossos passaportes...
    Se sentimos novos cheiros e nos perimitimos envolver pela realidade diferente da pressuposta é porque ouvimos "vcs ainda não foram lá novamente? Vão e sintam"... e fomos ... graças ao alerta pudemos nos desesperar ao sentir histórias que pedem para ser contadas...

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  2. Ir lá... colocar o pé na lama, só me fez relembrar o porque escolhi fazer jornalismo: as pessoas. Não tem nada mais difícil do que mudar a forma de olhar. Despir do preconceito... Alê, queria te agradecer pela ajuda e pelo ensinamento que vc nos tem dado. Nos desafiando a cada momento. Mostrando que temos que contar histórias...mesmo que em alguns momentos desejemos que algumas dessas histórias jamais existissem...
    Bjos
    Camila Rodrigues

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