quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Hoje eu só quero que o dia termine bem

Saí da TV e fui encontrar um grupo de alunos para discutir o encaminhamento de um Trabalho de Conclusão de Curso. Cheguei depois das 11 da noite em uma padaria na Domingos de Moraes. Na mesa, uma porção de batata frita. Pedi um pedaço de pizza e um guaraná e fui comendo enquando eles contavam as novidades.
E tinham muitas. Viajaram para o Rio de Janeiro em busca de histórias de jornalistas que por conta da profissão sofreram algum tipo de impacto negativo, seja ele psicológico ou absolutamente prático, como mudar a própria rotina por medo.
Apesar de expostos constantementes a cenas violentas ou coberturas marcantes, nós jornalistas não contamos com nenhum tipo de apoio formal por parte das empresas. E não por elas se negarem, mas porque as abordagens em relação ao assunto, quando há, são ainda muito incipientes.
De qualquer forma, esse é um problema que precisamos discutir e os próprios entrevistados - jornalistas e psiquiatras - dizem que o tema é bastante relevante.
Não estamos preparados para enfrentar determinadas situações. Visualizar a cena de uma chacina, um desastre, uma tragédia ou simplesmente casos com uma carga emocional muito grande deixam marcas, sem dúvida. Isso sem falar em reportagens em que o jornalista acaba ameaçado de morte ou convive com um sentimento de impotência em relação ao fato denunciado. Enfim, estamos exposto e muitas vezes sozinhos...
Vim embora pensando nas cenas que haviam me marcado, nos dias que cheguei em casa abatido, nos cheiros que pareciam impregnados em meu corpo.
No rádio, a voz suave da Luciana Mello cantando Simples Desejo...hoje eu só quero que o dia termine bem...

3 comentários:

  1. Alê, fantástica a descrição do nosso encontro.. bom saber sua visão daquilo que queremos e melhor ainda quando você nos coloca mais no "chão", nos tira do imaginário, das mil histórias que consideramos fantásticas e queremos contar, para o que realmente será impactante. Adorei.. aliás pena que eu não consumi nada ontem haahahah !!!

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  2. Para nós o dia terminou sim...muito bem! Saimos desse encontro acho que depois das 00h30 e ainda empolgadíssimos. A cada dia, conversas, conquistas, vontade de fazer mais e tentar sempre melhorar.
    Bom, ficamos emocionados com a postagem.

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  3. Engraçado, acho que muitos jornalistas se identificariam com este texto.
    Outro dia disse para um amigo..."sofro muito com a produção de algumas reportagens (as que envolvem injustiças)...por um lado isso é triste porque fico sem energia, mas por outro é alegre porque demonstra que ainda tenho sensibilidade e é isso que me ajuda na produção".

    Agora quanto a visualizar cenas de violência...tragédias, isso é péssimo mesmo. Quando fazia madrugada no SBT pedia a Deus todos os dias para que eu conseguisse dormir quando chegasse em casa. E esse controle emocional também veio em outras situações como no dia em que fui fazer uma sonora com a mãe de dois adolescentes que tinham sido mortos por um maníaco... Como não se envolver?!?

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