sábado, 6 de março de 2010

Beijo, me liga!

Cheguei ao aeroporto pouco mais de sete horas para fazer o check in. A fila era pequena, mas nem com isso precisei me preocupar. Um funcionário da empresa se encarregou de todo o trâmite. Entregou meu passaporte, escolheu o assento e despachou a bagagem...fiquei surpreso com a eficiência e a rapidez, algo fora do comum em Luanda.
Depois de quase dois meses você começa a se acostumar com a burocracia. Ela está incrustada em tudo, nada é fácil, nada é simples. O aparelho do estado, construído ao longo dos últimos 30 anos, faz da dificuldade o alicerce para se manter de pé. É a forma de ter o controle absoluto de tudo o que acontece, inclusive da informação.
Imagine que você pretenda fazer uma reportagem sobre os parques nacionais de Angola, um assunto aparentemente de pouca controvérsia, certo? Não lá...
O primeiro passo é descobrir a que Ministério o tema está ligado. Depois é preciso pedir autorização para ter informações como, por exemplo, quantos parques há, qual o tamanho deles, que tipo de fauna e flora encontramos e por aí afora.
O destinatário envia então uma resposta dizendo que recebeu o pedido e vai despachá-lo para a pessoa apta a fornecer os dados. Isso pode levar alguns dias, não raro semanas. Ah, não imagine que essa negociação é feita por e-mail, eles não confiam em plataformas eletrônicas, nem tão pouco em telefones. Só olho no olho...
Daí minha surpresa com o que se passou no aeroporto. Nem ao balcão da companhia eu fui, o funcionário não conferiu se era eu mesmo que iria embarcar com aquele passaporte. Sabe aquele bordão “cara crachá, cara crachá”? Nada, absolutamente nada...
A questão é que o sistema que cria dificuldades inúteis, também cria as “facilidades”, conhecidas por nós como propina, por eles como gasosa. Os funcionários das companhias aéreas trocam a eficiência por cartões de celulares pré-pagos. Simples assim...

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