segunda-feira, 22 de março de 2010

Mesa farta

Não lembro o nome. Perguntei, mas não lembro. Guardei na cabeça apenas o sorriso. Todos os dentes na boca, nem todos dele. Gengiva marcada, castigada também a pele do rosto. Aparência mais velha que a realidade, dura, curtida sob o sol.
Passou a maior parte da vida na água. Dela tirou o sustento, assim como o avô, o pai , os vinte irmãos...
- A mariscada está ótima, quer??
Em algum ponto da vida mudou o rumo. Ainda tira da água o sustento, agora mais colorido, saboroso, cheio de aromas.
Na parte de baixo da casa montou um pequeno restaurante. Cresceu e já abriu mais um andar. É simples, bem simples. Extremamente simpático e aconchegante, como tantos outros ali na margem de um dos maiores manguezais urbanos do mundo e incrustados na pobreza.
Servem aqueles que vêm do outro lado da cidade, cortando ruas da periferia ou de lancha.
Mesa farta, ainda que mal distribuída...

2 comentários:

  1. Quem está farto de verdade neste momento; é o meu coração! Ele está farto e cheio de saudades de vc... Meu maior anséio nesta altura é ouvir a sua voz... Que Deus te elumine e faça sempre de vc está pessoa maravilhosa que eu conheço.

    Um grande abraço do seu maior adimirador em Angola... sempre e eternamente, Bruno Constantino.

    Cadê o meu livro do Pepetela!

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  2. Preciso muito de você meu rey... meu ego está de cada vez mais a deteriorar-se.

    Não suporto mais esta insensibilidade das pessoas.
    Existem pessoas que não têm jeito mesmo... não sabem mais fazer outra coisa se não magoar os outros.

    Preciso tanto de ti!!!

    Bruno Constantino.

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