sábado, 6 de março de 2010

Entrar pode

Sempre achei que supermercados dizem muito sobre um povo. Pode parecer loucura, mas quando estou fora do meu país gosto de visitá-los. Somos movidos a consumo, ou não?
Em Luanda fui a dois deles. Um é uma rede internacional, com a cara dos estrangeiros que lá vivem. Nos corredores, sempre muito iluminados, esbarramos mais em brancos que em negros. Os preços são altos e quase a totalidade dos produtos importados. O país, que vive um processo de reconstrução nacional depois de longos anos de guerra, pouco produz, e quando o faz, raramente consegue escoar a produção de verduras e legumes, por exemplo, para os centros urbanos. Angola já foi sim um grande produtor de alimentos, mas as lavouras e as estradas foram completamente arrasadas.
O outro supermercado é uma rede nacional. Até 2002, se não estou enganado, compravam ali os camaradas do partido, quando o país rezava pela cartilha do comunismo. O povo? Ah, esse não podia entrar...
Com adoção do sistema de livre mercado, as portas se abriram para todos. Entrar já podiam...comprar era uma outra questão. Faltava dinheiro e ainda falta para a maioria absoluta da população.
Para eles, entre o comunismo e o consumismo, resta comer com os olhos...

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