terça-feira, 22 de setembro de 2009

Bronca

- Entrei no blog e o último texto é de sábado?!
Uma mistura de bronca e decepção...e ela tinha razão, afinal escrever diariamente é o mínimo de respeito com quem se dá ao trabalho de ler o que acho que tenho para dizer. Enfim...
Nesses últimos dias algo tem me incomodado. Conversando com alguns amigos levantamos diversas histórias de jornalistas que usam a profissão em benefício próprio. E nada, nada é pior que isso.
Imagine-se em uma cobertura de apreensão de material pirata. Milhares de bonés falsificados. Sem a menor cerimônia o colega pergunta para o delegado:
- Posso levar alguns pra mim??
Não amigo, não pode... mesmo que essa não tenha sido a resposta da "autoridade". Aliás, não poderia sequer perguntar. É crime, é indecente, é porco!
O que você diria se um policial, ao conseguir recuperar um produto roubado, como uma quantia em dinheiro, por exemplo, se apoderasse de uma parte para ele?
Com que moral podemos falar de assuntos como esse, se agimos tal qual o bandido? Não é uma questão de valor da mercadoria, mas de princípios.
Lembro de uma reportagem que queríamos fazer sobre fraudes cometidas na renovação da carteira de habilitação. Uma jornalista, com o limite de pontos já ultrapassado, se dispôs a emprestar o documento para que mostrássemos como funcionava o esquema que retirava a pontuação do motorista. Feito isso, entregaríamos a carteira para o Detran e questionaríamos o órgão sobre a fraude.
- Não, aí não. Quero ficar com o documento limpo.
Pouco importa se isso era completamente contraditório com o que queríamos retratar. Na cabeça dela, se é possível levar vantagem, por que não?
É como o jornalista que quer assistir uma peça de teatro, filme ou show e liga para o assessor de imprensa solicitando o ingresso. A famosa "carteirada", sabe?
Quer? Pague. Não pode haver outra forma... a não ser para aqueles que acreditam que ética é um conceito abstrato, sem relação alguma com as miudezas do dia a dia.
Aí, bom, aí a decepção nem vale uma bronca...

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